A tropa especializada da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), responsável pela contenção dos atos criminosos de 8 de janeirosó recebi ordens para agir contra os manifestantes 40 minutos depois do rompimento da primeira linha de defesa aberta pelos policiais.
Nenhuma orientação foi dada para que o Patrulhamento Tático Móvel (Patamo), que faz parte da tropa de choque, agisse quando os manifestantes chegaram ao Congresso Nacional.
No auge das depredações, um dos principais equipamentos da PMDF para conter os invasores, o cego Centurion, apresentou problemas mecânicos e simplesmente parou de funcionar.
O veículo foi adquirido pelo Governo do Distrito Federal há dez anos para ser usado sem controle de protestos. Porém, no momento em que a polícia precisou do blindado para conter uma invasão aos prédios públicos, o veículo apresentou uma vidraça, ou que impossibilitou o uso do Centurión para tentar conter os invasores.
As informações constam no relatório do PM compartilhado com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de janeiro e obtidas pela CNN.
“Por volta das 13h50, avistou-se que houve o rompimento da primeira linha de revista na via N1, no entanto, não houve determinação superior para que o Patamo iniciasse resposta de controle de massa em face dos perturbadores da ordem”, aponta o documento .
A tropa de choque é uma unidade da PMDF especializada em controlar e dispersar multidões em manifestações inconstitucionais. Segundo denúncia enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República (PGR), a tropa de Choque da PMDF demorou uma hora e meia para chegar à Câmara dos Deputados.
O relatório obtido pela CNN aponta que os policiais especializados procuraram conter os manifestantes 40 minutos depois de eles terem violado a linha de defesa, o que primeiro permitiu que os golpistas chegassem ao prédio da Câmara dos Deputados.
“Às 14h30, o público hostil rompeu novamente a linha de contenção em frente ao Congresso Nacional, consequentemente, o Patamo Alfa e Bravo conseguiu atuar e confrontar os manifestantes, utilizando-se de lançamento de agentes químicos e munições de elastômero”, afirma o relatório.
O documento também mostra que uma tropa de choque tentou impedir que os manifestantes invadissem o prédio do STF, mas durante o tiroteio acabou a munição química e de borracha da equipe.
A tropa então tentava se reagrupar, o que fez com que os golpistas tomassem o prédio. “Com o estoque de munição praticamente zerado, foi necessário reagrupar e aguardar a solicitação pela reserva móvel na lateral direita do STF; Momentos antes, a segurança interna e os policiais federais já foram recuperados e o prédio havia sido invadido”, diz o relatório.
Blindado da tropa de choque cerebral durante manifestação
Um veículo blindado da tropa de Choque, conhecido como Centurion, apresentou problemas mecânicos durante a depredação da sede dos três poderes no dia 8 de janeiro. O veículo custou R$ 1,6 milhão. Ele foi equipado com um jato de água usado pela polícia no controle de grandes manifestações.
“Durante a atuação, por volta das 15h40, o veículo Centurion II apresentou mecânicos e precisou ser retirado do local de ação”, afirma o relatório.
O governo do Distrito Federal comprou dois blindados Centurion, em 2013, para a tropa de Choque da PM. O veículo também possui câmeras de alta precisão, com capacidade de identificar rostos e placas de carro em um raio de mais de 300 metros.
Mais R$ 800 mil gastos em materiais
O relatório também mostra que a tropa de choque da PMDF gastou R$ 805.083,12 em materiais químicos e munição de borracha para tentar conter os manifestantes.
Chama atenção a quantidade de munição de borracha (3.659), com o valor de R$ 132.504,12 e de granadas de diversos tipos, como efeito moral e lacrimogênia (412), no total de R$ 159.196,07. O item mais caro da lista foi “Cartucho Cal. 37/40mm com carga múltipla de emissão lacrimogênea, com alcance de 140 metros”.
Foram utilizados 603 com o valor total de R$ 239.686,47.Segundo o relatório, o dia 8 de janeiro foi o evento que mais exigiu materiais por parte da tropa de choque.
No documento, há uma comparação com a manifestação realizada no dia 24 de maio de 2017, quando centros sindicais convocaram um ato contra o presidente da época, Michel Temer, que se transformou em quebra-quebra e depredação em prédios de ministérios, além de confrontos entre manifestantes e policiais.
De acordo com o documento, na manifestação de 2017, a tropa de choque gastou 900 munições de borracha. No dia 8 de janeiro, foi necessário usar quatro vezes mais munições de borracha.
O documento também aponta que foi necessária a utilização da van e do presidente da PMDF para reabastecer granadas e munições das tropas durante a depredação da sede dos poderes três.
“A van com instrumentos de menor potencial ofensivo utilizados como reserva técnica realizou 3 (três) viagens para reabastecimento da tropa, assim como a aeronave do BAVOP também realizou 3 viagens (três) para buscar munições”, afirma o relatório.
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