A tentativa de golpe na Bolívia realizada por uma facção do exército contra o presidente do paísLuis Arce, na quarta-feira (26) repercutiu na imprensa internacional. No dia seguinte à intenção, os jornais de todo o mundo destacaram a prisão do general Juan José Zuñiga, responsável pela mobilização das tropas contra o governo em La Paz.
A rede britânica BBC afirmou que “momentos antes da prisão, o general disse aos repórteres que o próprio presidente havia instruído ele a mobilizar os blindados, numa tentativa de melhorar sua popularidade”. E o francês Le Monde relatou que, ao avançar sobre a Praça Murillo, os militares rebeldes lançaram gás lacrimogêneo em pedestres e transeuntes que se aproximavam das tropas.
Já o argentino Clarín destacou a situação política da Bolívia em meio à tentativa de golpe, e escreveu que toda a transação ocorre “durante uma crise econômica com escassez de dólares e de combustíveis, marcada por protestos sociais que o governo afirma serem nacionais pelo evismo” , em referência aos apoiadores de Evo Morales, ex-presidente da Bolívia que foi aliado de Luis Arce no partido Movimento ao Socialismo até o ano passado.
O britânico The Guardian resgatou uma entrevista de Arce ao jornal, em 2020, em que ele afirma que seu movimento político “reivindicou a democracia para a Bolívia. Nossa mensagem é que não toleraremos qualquer regime ditatorial ou golpe na América Latina”, disse Arce à época.
O americano New York Times, por sua vez, fez uma digressão histórica e lembrou que a Bolívia teve mais de 190 golpes desde sua independência, há 200 anos. E destacou: “muito do descontentamento entre os militares, dizem analistas, ocorre pelo sentimento de que eles defendem a ordem estabelecida, apenas para serem punidos — politicamente ou penalmente — logo em seguida, quando outro governo assumir o poder”.
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Soldados montam guarda na Plaza Murillo, em La Paz, Bolívia. O presidente da Bolívia, Luis Arce, alertou sobre movimentos irregulares de tropas militares e declarou o alerta para um possível Golpe de Estado.
Crédito: 26/06/2024 – Gaston Brito Miserocchi/Getty Images -
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A Polícia Militar dispara gás lacrimogêneo em frente ao palácio presidencial na Plaza Murillo.
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Idosa tenta ajudar a colocar barricadas nas ruas ao redor do palácio do governo em apoio ao presidente Arce.
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A Polícia Militar chega à Plaza Murillo, em La Paz, Bolívia.
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Ópera militar oficial tanque blindado na Plaza Murillo.
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Oficiais militares reagem ao gás lacrimogêneo disparado em frente ao palácio presidencial na Plaza Murillo.
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Presidente da Bolívia denuncia “mobilização irregular” de tropas do Exército
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Tropas do Exército da Bolívia em suposta tentativa de golpe de Estado
Crédito: 26/06/2024 – Reuters -
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O presidente boliviano Arce exige que a população se “mobilize contra o golpe”
Crédito: 26/06/2024 – Lucho Arce/Facebook -
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Militares se posicionaram na Plaza Murillo, em La Paz, capital da Bolívia.
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O histórico turbulento da Bolívia também foi mote da reportagem da imprensa especializada.
O Economist, por exemplo, relatou como Evo Morales e Luís Arce passaram de aliados às disputas políticas que culminaram em acusações mútuas. E afirmou que “as tensões da dupla — ambas de esquerda — paralisaram o governo, agravaram turbulências econômicas e levaram a protestos populares. A perspectiva de tanques avançando sobre o palácio presidencial conseguiu, apenas, fazer da Bolívia um lugar mais energético e caótico na visão de investidores, empresários e turistas”, afirmou o editorial da revista britânica.