Em minha longa jornada na área de diversidade e inclusão e, mais precisamente, auxiliando em comidas de crise em casos de dispensáveis, preconceito e racismo que os consumidores, pude perceber que o pior envolvimento que pode acontecer nesses casos é ter que resolver a crise da crise.
Ou seja: corrigir a nota apressada com critérios apenas técnicos ensinados nas escolas de comunicaçãopara comunicadores que não foram preparados para lidar com questões delicadas como identificadas.
Alguns erros primários cometidos por assessoria de comunicação, com pouco ou nenhum entendimento sobre questão racial, caem nas comunidades ofendidas muitas vezes até reforçar ou incriminar a empresa no ato de racismo.
São vários os erros nessas notas; não vou me ater aqui em apontar todos, mas vou citar os que considero mais gritantes e mais comuns:
1) Dizer: nossa empresa não discrimina ninguém. Isso não precisa estar estampado em nota. Isso o mínimo que se espera de qualquer pessoa ou instituição em um país que, inclusive, penaliza o racismo como crime inafiançável;
2) Dizer: Temos aqui negros trabalhando inclusive em carga de gerência. Isso é o mínimo que se pode esperar de qualquer empresa e isso não é de um funcionário da empresa cometer um ato de racismo;
3) Este talvez o pior deles: não assumir a responsabilidade por um ato ocorrido em um estabelecimento ou em uma situação que envolva a empresa.
Nos casos recentes de racismo envolvendo grandes consumidores e consumidores, discriminação racial, as notas de esclarecimento público cometeram um e, em alguns casos, até esses três e outros erros juntos, complicando mais ainda a situação da empresa.
Mas, o que fazer em uma situação como essa, primeiro por mais difícil que seja se manter sensato e ter empatia, solidariedade, respeito e entender que a parte ofendida quer uma interlocução, no mínimo, com alguém que possa entender sua dor, isso não que diz respeito à relação pessoal ou à relação institucional com o público, por nota na imprensa incluindo a imprensa negra?
Existem outras ações, medidas primárias que devem ser tomadas que, em geral, o mundo institucionalizado branco não tem a mínima noção e preparação para lidar com essa situação.
É exatamente por isso que, muitas vezes, acabam querendo apagar o fogo com gasolina, como tem encantado com muita frequência nos casos envolvendo racismo, empresas e consumidores no Brasil.
A dica é sempre acompanhar a uma consultoria especializada, sensível e com interlocução com a comunidade ofendida. Fora isso, é dar um tiro no escuro e muitas vezes apagar o incêndio com gasolina.
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