O primeiro turno das eleições na Argentina ocorre neste domingo (22), com cinco candidatos disputando a Casa Rosada: Sergio Massa (União pela Pátria), Javier Milei (La Libertad Avanza), Patricia Bullrich (Juntos pela Mudança), Juan Schiaretti (Façamos por Nosso País) e Myriam Bregman (Frente de Izquierda).
Caso nenhum candidato atinja a maioria necessária, ou seja, 45% dos votos ou 40% e uma diferença de 10 pontos percentuais em relação aos demais candidatos, é convocado um segundo turno, que está marcado para o dia 19 de novembro.
Além dos postulantes à Presidência, grande parte das cadeiras das Câmaras de Deputados e Senadores também será renovada. Ainda há votação para eleger governadores em 21 das 23 províncias, assim como o chefe de governo da Cidade Autônoma de Buenos Aires.
O voto é obrigatório para maiores de 18 anos até os 70 anos. Mas, a partir dos 16 anos e depois dos 70, é possível escolher se deseja votar ou não.
Como foram as primárias
Na Argentina, há eleições primáriasque definem os candidatos que disputarão como gerais — ou seja, que disputarão a Presidência e outros cargos de legisladores.
As coligações precisam obter ao menos 1,5% dos votos válidos para avançar.
O anarco-capitalista Milei foi uma grande surpresa do pleito. Ele foi o único candidato de sua coalizão e atingiu 29,8% dos votos.
Posteriormente, veio o Juntos pela Mudança, com 28% — divididos entre Bullrich (16,81%) e Horacio Rodríguez Larreta (11,19%).
A União pela Pátria ficou com 27,3% dos votos. Ela incluía Massa (21,43%) e Juan Grabois (5,85%).
Schiaretti conseguiu 3,7% dos votos e Bregman, 2,6%.
Abstenção
Na ocasião, houve uma participação de 69% dos participantes cadastrados, segundo a Câmara Nacional Eleitoral da Argentina.
O número foi quase 7% menor se comparado às últimas eleições primárias presidenciais, realizadas em 2019, em que houve 76,4% de adesão.
Mesmo que o eleitor não tenha justificado sua ausência nas primárias, não há nenhum impedimento para participar do primeiro turno.
A CNNo CEO da AtlasIntel, Andrei Roman, diz acreditar que haverá uma maior participação agora, principalmente pela impressão deixada pela votação inicial de Milei.
“Boa parte dos participantes que não votaram irão de fato apoiar a esquerda, justamente por conta desse método que a aparência Milei vem despertando. Então, a abstenção provavelmente vai cair e isso tende a beneficiar o voto de esquerda”, observa Roman.
Mas, para Victor Missiato, analista político e professor do Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) de Alphaville, a comparação dos argentinos ainda é muito incerta.
“A aparência de Javier Milei é algo novo no cenário político argentino com a proporção que ele ganhou. Então, embora os levantamentos o tempo todo demonstrem um lado ou outro, acompanhando o calor desse momento, nem as próprias pesquisas anteriores às prévias Selecione identificar esse específico tão grande de Milei”, explica Missiato.
“Portanto, eu diria que é extremamente impreciso caracterizar uma maior demanda da esquerda Argentina para combater milhas eleitorais. O que é possível perceber que a mudança na última pesquisa eleitoral indica que isso é uma probabilidade, pois há uma mudança das intenções de voto em favor de Sergio Massa”, prossegue.
O que dizem as últimas pesquisas
Na pesquisa AtlasIntel divulgada em 13 de outubro, Massa aparece na frente nas intenções de votos no primeiro turno, com 30,9%. Milei tem 26,5% e Bullrich, 24,4.
Schiaretti chega a 10% e Bregman tem 3,2%.
O levantamento reuniu 5.702 pessoas com mais de 16 anos por meios digitais e de forma consultada entre os dias 10 e 13 de outubro. O nível de confiança é de 95%, com. A margem de erro é de um ponto percentual, para mais ou para menos.
Veja a comparação com as pesquisas anteriores (clique em cima dos dados desejados):
Quem são os candidatos
Sérgio Massa

Atual ministro da Economia da Argentina, Sérgio Massa51 anos, teve o apoio do presidente Alberto Fernández e da vice Cristina Kirchner para concorrer à Presidência na eleição deste ano.
O advogado nasceu em San Martín na província de Buenos Aires em 28 de abril de 1972 vindo de uma família de italianos que chegou ao país no período após a Segunda Guerra Mundial.
Na adolescência, durante o ensino médio, começou um militar no partido União do Centro Democrático. Em 1994, interrompeu seus estudos de direito na Universidade de Belgrano, que só foram concluídos durante a campanha eleitoral de 2013, na qual foi eleito deputado.
Em 1999, foi eleito deputado provincial. Depois, ocupou outras cargas no Executivo e no Legislativo. Entre 2002 e 2007, chefiou a Administração Nacional da Previdência Social (Anses), responsável por um dos orçamentos mais importantes do governo.
Em 2007, foi eleito prefeito de Tigre, cidade da província de Buenos Aires. Massa coloca nessa posição até 2013, com um período de licença para ocupar a Chefia de Gabinete durante a Presidência de Cristina Kirchner, entre 2008 e 2009, sucedendo o hoje presidente Alberto Fernández.
O político rompeu com o kirchnerismo em 2013, e iniciou um período em que se posicionou como um forte oponente dessa força política.
Em 2019, após uma reconciliação, voltou ao peronismo como deputado federal da província de Buenos Aires e ocupou a presidência da Câmara dos Deputados.
Javier Milei

Nascido no bairro de Palermo, em Buenos Aires, em 22 de outubro de 1970, Milei teve uma infância marcada por momentos polêmicos em família, que ele mesmo apresentou em um programa do canal argentino “Telefé”.
Embora o relacionamento com seus pais não fosse bom, Milei encontrou apoio em sua irmã.
A economista reconhece que Karina Milei é a pessoa que melhor conhece e é “a grande arquiteta” de seus acontecimentos políticos. Milei disse os diferentes meios de comunicação que, caso se torne presidente, ela desempenhará o papel de primeira-dama.
Nos anos 1980, Milei tentou ser goleiro nas categorias de base do clube de futebol argentino Chacarita Juniors. “Não sou torcedor do Chacarita, mas passei a fazer parte do tempo profissional em 1989”, confessou o economista em entrevista à rádio “Urbana Play FM”, de Buenos Aires.
A partir de 2018, a ascensão de Milei surgiu nos principais meios de comunicação argentinos, com a divulgação de seu discurso “liberal libertário”, como costuma chamar.
O grande salto em sua carreira política ocorreu em 2020, quando anunciou sua candidatura à Presidência nas eleições de 2023.
Esse passo abriu caminho para que sua coligação, La Libertad Avanza, conquistasse duas cadeiras na Câmara dos Deputados no ano seguinte, ocupada por ele e por sua candidatura à vice-presidência, Victoria Villarruel.
Suas principais propostas de campanha são a dolarização da economia argentina em etapas, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas.
No plano trabalhista, ele propõe o fim das verbas rescisórias para reduzir os custos trabalhistas, mas duas das propostas que mais geraram polêmicas envolvem-se na esfera de segurança: a desregulamentação do porte de armas e a militarização das prisões.
VÍDEO – Análise: As incertezas que cercam a eleição argentina
Patrícia Bullrich

Patricia Bullrich nasceu em 11 de junho de 1956, em Buenos Aires, em uma tradicional família aristocrática argentina, a Luro Pueyrredón, e rompeu com a posição política radical de sua linhagem já na adolescência.
Filha de Alejandro Bullrich e Julieta Luro Pueyrredón, tem antepassados emblemáticos como Juan Martín de Pueyrredón, diretor das províncias do Rio da Prata, e Honorio Pueyrredón, ministro do governo de Hipólito Yrigoyen, presidente argentino por duas vezes, entre 1916-1922 e 1928-1930.
Em sua carreira política, foi deputado pela cidade de Buenos Aires, ministro do Trabalho, ministro da Segurança Social e, por fim, ministro da Segurança, no governo de Mauricio Macri.
Com base no conceito de “ordem”, a Bullrich promete eliminar no menor tempo possível a taxa de câmbio que impede a livre compra e venda de dólares, e estabelecer uma taxa de câmbio única. Ela alega que a fórmula para conseguir isso consiste em obter “uma quantidade em dólares internacionalmente”.
Bullrich afirma que é a única forma de atrair investimentos para transferência de economia. No entanto, esta unificação cambial implicaria uma desvalorização significativa, afirmam especialistas no tema.
Da mesma forma, a candidatura promete que eliminará as retenções na fonte sobre as exportações para aliviar a carga fiscal no setor cambial, que hoje representa uma parcela significativa da receita fiscal do Estado.
Relativamente à inflação, o ex-ministro da Segurança pensa que é preciso “ajustar o Estado para desajustar os cidadãos”, nas suas próprias palavras. E salienta que é preciso dinamitar o regime económico dos últimos 20 anos, recriar a solvência fiscal e recuperar a contrapartida.
Independentemente de quem vença as eleições, os especialistas têm certeza de que o próximo presidente receberá um país com inflação elevada, problemas de reservas, uma economia que provavelmente cairá após dois anos de crescimento e uma situação social delicada, com pobreza crescente.
Juan Schiaretti

Juan Schiaretti é o candidato à Presidência do Hacemos por Nuestro País, coalizão política que um peronismo não kirchnerista, o Partido Socialista, o Partido Democrata Cristão, o Partido Autonomista, entre outros.
Contador público e segundo-tenente do Exército, Schiaretti é filiado ao Partido Justicialista. Em 1975, com o Processo de Reogarnização Nacional – como é chamado de ditadura militar argentina –, ele foi obrigado a mudar-se para o Brasil. Ele morreu em Belo Horizonte.
Atualmente, Schiaretti cumpre seu terceiro mandato como governador de Córdoba.
Antes disso, ele foi secretário de Indústria e Comércio da Nação Argentina do presidente Carlos Menem, entre 1991 e 1993. Ainda sob comando de Menem, foi nomeado controlador federal da província de Santiago del Estero.
Em 1999, ele foi ministro de Produção e Finanças da província de Córdoba. Em 2003, foi eleito vice-governador de José Manuel de la Sota. Em 2007, foi eleito governador de Córdoba pela primeira vez – cargo que voltaria a ocupar em 2015 e 2019.
Entre as governanças, ele foi eleito deputado nacional, em 2013.
Myriam Bregman

Myrian Bregman é candidata da Frente de Izquierda y de Trabajadores – Unidad, coalizão formada por partidos que reivindicam o trotskismo e que defendem um polo de independência de classe.
Bregman é advogado e ativista. Ela foi nomeada para deputada nacional em 2009 e Chefe do Governo da Cidade de Buenos Aires em 2011. Em 2015, foi eleita deputada nacional na seção eleitoral.
Análise: As incertezas que cercam a eleição argentina
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