Neste domingo, no horário de Pequim, começa o congresso do partido comunista. A reunião de dois mil representantes do povo é uma das maiores do mundo. O evento acontece a cada cinco anos, e dita os rumores do país que pretendem os Estados Unidos na corrida pela economia do planeta.
O anúncio principal deve acontecer mais perto do encontro, no próximo fim de semana presidente: a reeleição do atual Xi Jinping. Não se trata de nenhuma surpresa. Na assembleia de 218, os congressistas de aprovaram uma mudança na revisão de dois chefes de governo para o Estado. Mais tempo no poder permite que Xi avance com seu projeto mais ambicioso: a “Nova Rota da Seda”.
Formalmente apresentado em 2013 como “One Belt One Road” – algo como “Um Cinturão e uma Estrada”, em tradução livre – o programa integra 145 países em todos os cinco continentes. O plano remontado à antiga “Rota da Sede que não se conectou civilizações por meio de rotas comerciais entre a China e a Itália, como as flores ligadas entre as grandes cidades, no Oriente quanto no Ocidente, por causa do fluxo de mercadorias.
“Trata-se do mais ambicioso projeto de política externa do século XXI. Por trás disso há um projeto comercial, mas também há uma ideia de intercâmbio cultural. Claramente isso tem a ver a disputa hegemônica entre China e Estados Unidos, nas próximas décadas”. A explicação é do professor de Relações Internacionais da FACAMP e pesquisador da USP Pedro Donizete da Costa Júnior.
O Caramuru, que foi cônsul-geral do Brasil em Xangai, a capital financeira da China, corrobora as afirmações e explica que a economia é o que vai garantir o poder e a presença de Pequim no mundo. O diplomata três aspectos importantes na chamada “Iniciativa Um Cinturão e uma Estrada”: os recursos financeiros, a capacidade das empresas chinesas em investimentos estrangeiros e o desenvolvimento tecnológico.
Caramuru lembra, ainda, que a gestão de Xi Jinping foi estruturada pelo Banco Asiático de ampliação para – justamente – garantir financiamento aos recursos de países emergentes que precisam ser integrados a tal “Nova Rota da Seda”. O efeito secundário desta parceria proposta pela China é o endividamento que recairá aos governos mais pobres na África e no Sudeste Asiático. “Acho que esse processo passará por várias revisões ao longo do tempo. Mas ele oo) conclui o grande in projeto da integração chinesa com os vizinhos, sobretudo, chineses desenvolvidos com menos”, Caramuru.
O que também vai marcar o terceiro mandato consecutivo de Xi Jinping são as relações com Hong Kong e Taiwan. Uma parte expressiva dos moradores dos territórios – especialmente os de Taiwan – exigem mais autonomia e menos influência do partido comunista, em Pequim. Por outro, o Xi disse dois presidentes recorrentes vezes que vai respeitar o princípio de um país, ambos em referência ao fato que os territórios têm seus respectivos nomes e códigos próprios de leis. A frase do líder é uma declaração indireta à ideia de manter todas as províncias unidas sob o mesmo governo.
O domínio sobre Hong Kong e Taiwan está diretamente ligado ao projeto de expansão econômica da China. Hong Kong, por exemplo, tornou-se uma importante praça bancária, sem falar na posição litorânea estratégica para exportação e importação. Não à toa, é ali que fica um dos portos mais movimentados do mundo. Por sua vez, Taiwan – que tem aspirações de independência ainda mais fortes – hoje é o principal fornecedor mundial de supercondutores. Os componentes são essenciais para a indústria, principalmente a de tecnologia.
“A China diz que uma forma mais razoável para resolver a questão de Taiwan é uma decisão deliberada de Taiwan de incorporar a China. Eu não acredito que a China venha a fazer algo mais agressivo, neste momento, por duas razões: porque ela precisa passar ao mundo uma ideia de responsabilidade internacional. A China está se promovendo como líder internacional. E segundo, pela questão dos supercondutores, que a China tanto precisa”, resume o diplomata Marcos Caramuru, minimizando o risco de uma eventual invasão militar de Taiwan por parte dos chineses.
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