O Brasil enfrentou sérios problemas de planejamento na aquisição de aeronaves militares, segundo Vitelio Brustolin, pesquisador de Harvard e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Durante sua participação no programa Guerra Mundial Nesta sexta-feira (8), Brustolin apontou características recorrentes na gestão de recursos da Força Aérea Brasileira (FAB).
De acordo com o especialista, o país tem um histórico de improvisação na compra de aviões militares. “Nós não fizemos o planejamento certo e depois improvisamos, gastamos com aeronaves que precisam de adestramento para aprender a utilização delas e que vão ficar apenas 8 anos sob utilização da Força Aérea”, explicou Brustolin.
Histórico de competências
O pesquisador citou como exemplo a aquisição das caças Mirage 2000 no início dos anos 2000, que foram utilizadas por apenas oito anos, muito aquém da expectativa de uso de 40 anos para aeronaves novas.
Esse caso ilustra o padrão de gastos ineficientes e falta de visão de longo prazo na gestão dos recursos militares.
Brustolin também é responsável pelo programa FX-2, responsável pela aquisição das caças Gripen. Apesar de ter sido concebido como um programa de Estado, atravessando diferentes governos, o especialista aponta que novos improvisos estão surgindo.
Novos desafios e improvisações
“Agora há uma Força Aérea buscando o F-16, a gente nem consegue usar o nosso KC-390 para recarregar o F-16, a gente vai precisar de um outro avião só para o carregamento”, alertou o pesquisador.
Essa situação, segundo ele, é “completamente improvisada para que as pessoas não fiquem sem capacidade operacional no nosso país”.
As observações de Brustolin levantam questões importantes sobre a eficiência na gestão dos recursos públicos destinados à defesa nacional.