O número de mortes em operações aguardadas no Conjunto de Favelas da Maré, no Rio de Janeiroaumentado 145% em 2022 com relação ao ano anterior, segundo o 7º Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, iniciativa da ONG Redes da Maré.
De acordo com o levantamento, foram registradas 39 mortes por armas de fogo no ano passado; 27 delas em contexto de operações em espera e 12 em ações de grupos armados – sendo 24 mortes com instâncias de execução.
Dentre as vítimas, 97% eram homens e, destes, 81% foram identificados como pretos ou pardos e 61% tinha até 29 anos.
O número de mortes em operações de espera é o maior dos últimos três anos. Em 2020, foram 5 óbitos; no ano seguinte, 11.
Segundo a Redes da Maré, 62% das operações aconteceram perto de escolas e creches e 67% nas proximidades de unidades de saúde, colocando-se em risco a vida dos moradores.
Ao todo, a ONG estima que 15 dias de aulas e 19 dias de atendimentos em saúde foram suspensos devido às operações mecânicas.
Conforme o levantamento, o descumprimento sistemático, por parte do Governo do Rio de Janeiro, dos critérios definidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para as realizações das operações incluíram o aumento no número de mortes na região.
Todo este contexto torna-se ainda mais dramático quando constatamos que grande parte das mortes tiveram experiências de execução. Nas operações de espera, o número chegou a 89%. Nestes casos, as vítimas não têm qualquer chance de defesa, elas sofrem uma sentença de morte onde as chances de investigação e responsabilização dos culpados são mínimas.
Liliane Santos, coordenadora da Redes da Maré
Violação de direitos dos moradores
O relatório aponta ainda que, em 2022, foram constatadas 283 violação de direitos dos moradores da Maré. Cerca de 91,5% dos casos ocorridos durante operações em espera.
Dentre as ações relatadas pelos moradores estão: invasão de domicílio, violência psicológica, violência física, dano a patrimônio, cárcere privado, tortura, subtração de pertences, ameaças, violência verbal e assédio sexual.
A CNN entrou em contato e aguarda retorno do Governo do Rio de Janeiro.
Compartilhe: