O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou novas diligências no âmbito da Operação Sisamnes, que apura um esquema de venda de decisões judiciais e vazamento de informações sigilosas no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A medida foi tomada após pedido da Polícia Federal, com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A decisão inclui a realização de buscas e apreensões de celulares, computadores, mídias físicas e dados armazenados em nuvem, além da quebra de sigilo telemático dos alvos da investigação. Zanin também determinou medidas cautelares, como o bloqueio de bens e ativos financeiros, proibição de contato entre os investigados e a vedação de saída do país.
Segundo a PF, a investigação revelou a existência de uma estrutura empresarial e financeira criada para ocultar o pagamento de propinas, com o objetivo de romper o elo direto entre os pagadores e os beneficiários das vantagens indevidas. Os investigadores apontam ao menos quatro modalidades de lavagem de dinheiro utilizadas pela organização criminosa:
– Saques e depósitos em espécie;
– Uso de contas de passagem;
– Emissão de boletos sem lastro;
– Operações de câmbio paralelo com auxílio de doleiros.
Além disso, os agentes identificaram transferências bancárias incompatíveis com os rendimentos declarados por servidores públicos ligados ao esquema, indicando possível enriquecimento ilícito.
As apurações ganharam força após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, cujo celular revelou conversas comprometedoras indicando acesso indevido a decisões judiciais e influência indevida em processos do STJ.
Embora as investigações envolvam servidores da Corte, o STJ informou que não há diligências sendo realizadas em suas dependências e reiterou que nenhum ministro é alvo da operação. A Corte também declarou que o caso está sob sigilo judicial e não comentará seu mérito.
Esta é a quinta fase da Operação Sisamnes, que apura crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, câmbio ilegal e organização criminosa. O nome da operação faz referência a um episódio da mitologia persa sobre um juiz punido por corrupção durante o reinado de Cambises II.
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