O Nubank tem sido alvo de ações judiciais movidas por ex-funcionários que alegam terem sido coagidos a tirar fotos corporativas simulando nudez. As imagens, que mostravam o rosto e ombros desnudos dos colaboradores, eram utilizadas como identificação oficial interna e até em trocas de e-mails com clientes. Em ao menos nove processos, a Justiça já decidiu a favor dos reclamantes, condenando o banco a pagar indenizações por danos morais.
O caso ganhou repercussão após uma decisão da juíza Juliana Baldini de Macedo, da 33ª Vara do Trabalho de São Paulo, que em 7 de maio condenou o Nubank a pagar R$10 mil a um ex-funcionário por violação do direito de imagem. No processo, uma testemunha relatou que, ao ser admitida, foi obrigada a tirar foto “sem camiseta e com a alça do sutiã abaixada para parecer que estava nua”, em uma sala com fotógrafo e outros funcionários aguardando.
“TRANSPARÊNCIA” OU CONSTRANGIMENTO?
Segundo a advogada Raissa Cayres, do escritório Cayres Morandi Queiroz, que representa 23 ex-funcionários em ações similares, as fotos faziam parte do processo de integração. “O nu do Nubank vem de nudez. Eles querem ser desconstruídos e ‘transparentes’. Quando os funcionários eram admitidos, essa foto fazia parte do processo de integração. Eles eram obrigados a fazer”, afirma.
O Nubank, em nota ao UOL, negou que as imagens fossem obrigatórias, classificando-as como parte de uma “campanha voluntária de engajamento” em 2018. O banco afirmou ainda que a ação foi descontinuada após análise interna, mas não especificou quando as fotos deixaram de ser usadas. Testemunhas em processos, no entanto, relataram que as imagens permaneceram em sistemas corporativos até o final de 2020.
REPERCUSSÃO INTERNA E EXTERNA
As fotos não eram restritas ao ambiente interno. Funcionários as utilizavam em comunicações com clientes, o que gerou reclamações e até casos de assédio. “Muitas mulheres sofriam assédio por parte de clientes. Teve caso da mulher de um cliente que ligou para brigar com a funcionária que mandou a foto para o marido dela”, relatou Cayres.
Em 2018, um consumidor reclamou no site Reclame Aqui após receber um e-mail de um atendente do Nubank sem camisa. “Que tipo de profissional responde dessa forma? Que nível de amadorismo possui essa instituição?”, questionou. Na época, o banco justificou a postura como parte de seu “jeito jovem e ágil”.
Apesar das vitórias judiciais, a advogada Raissa Cayres considera os valores das indenizações baixos e planeja recorrer para aumentá-los. Enquanto isso, o Nubank mantém sua defesa, alegando que os funcionários consentiam com o uso das imagens, conforme cláusulas contratuais.
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