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Julgamento de Bolsonaro por Tentativa de Golpe Ganha Destaque na Mídia Internacional

Mesmo sem data marcada, o futuro julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem ganhando manchetes internacionais desde que ele se tornou réu na semana passada, por decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Veículos da imprensa mundial têm se debruçado sobre os detalhes da investigação sobre a suposta tentativa de golpe contra os resultados das eleições de 2022.

Uma análise do jornal britânico Financial Times, referência para os mercados financeiros, classificou o julgamento do ex-presidente como “arriscado”. Em um relatório assinado por Michael Stott e Michael Pooler, de Brasília, a publicação afirma que os supostos crimes de Bolsonaro representam um “complô com apoio militar para derrubar uma das maiores democracias do mundo”.

Comparações com Donald Trump

O jornal destaca o potencial do julgamento do ex-presidente para dividir o Brasil e aumentar a popularidade de Bolsonaro, em uma comparação com outro líder da direita, Donald Trump. Segundo o Financial Times, há uma similaridade com o que aconteceu com o republicano após o 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores do então chefe de Estado americano invadiram o Capitólio, sede do Legislativo dos EUA, para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas urnas.

O consultor de risco político Christopher da Cunha Bueno Garman, do FT, reforça que a acusação americana não impediu que Trump voltasse ao cargo mais poderoso do mundo. A comparação sugere que os problemas legais de Bolsonaro podem não prejudicar sua popularidade, assim como aconteceu com o republicano nos EUA. Além disso, há a menção de que o julgamento de Bolsonaro pode torná-lo um mártir.

Brasil Dividido

Sobre a divisão mencionada no Brasil por causa do julgamento, o jornal britânico destaca uma pesquisa da semana passada da AtlasIntel. Os dados mostram que 51% dos brasileiros ouvidos acreditam que Bolsonaro planejou um golpe e 48% acreditam que ele é inocente. O FT trata esse ponto como uma questão central do futuro julgamento contra Bolsonaro.

Reflexões Sobre o STF

Mesmo ao retratar as acusações contra o ex-presidente como “complô” para “derrubar uma das maiores democracias do mundo”, o Financial Times pondera que o STF é uma “instituição polarizadora na última década” e se refere ao ministro Alexandre de Moraes como “um dos juízes (do Supremo) mais controversos”.

O relatório reconhece que o ministro Alexandre de Moraes foi uma das “supostas vítimas do complô”, mas que, ao mesmo tempo, “liderou a investigação sobre o plano e faz parte do grupo de magistrados que rejeitou a tentativa de golpe”. O jornal também admite que a “Suprema Corte perdeu em anos recentes a credibilidade aos olhos da população”, citando uma pesquisa do PoderData de dezembro do ano passado. Os dados mostram que 43% dos entrevistados descreveram a conduta da Corte como “ruim ou péssima”.

Versão de Bolsonaro

O Financial Times dedica uma parte da reportagem aos argumentos de defesa de Jair Bolsonaro, mostrando que o ex-presidente acredita que o Judiciário está “totalmente alinhado” a Lula. O jornal ecoa ideias parecidas de aliados bolsonaristas nos Estados Unidos, que afirmam que “não se trata de justiça, se trata de eliminar a competição política por meio de uma guerra judicial”. O FT reproduz uma fala de Bolsonaro em que ele diz acreditar que há “algo pessoal” contra ele.

Impactos em 2026

A influência do futuro julgamento de Bolsonaro na eleição de 2026 no Brasil também é um ponto abordado pela reportagem. Segundo a publicação britânica, o caso lançará uma “longa sombra” sobre as eleições presidenciais do ano que vem, com potencial de polarizar o país.

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