Ex-analista do Ministério da Justiça acusa Anderson Torres de usar dados eleitorais para ações ilegais

Ex-analista do Ministério da Justiça acusa Anderson Torres de usar dados eleitorais para ações ilegais

O ex-analista de inteligência da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça, Clebson Ferreira de Paula Vieira, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (19) que foi utilizado pelo então ministro Anderson Torres para ações consideradas ilegais.

Vieira, indicado como testemunha de acusação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), participou das primeiras oitivas do “núcleo 1” do processo que investiga uma suposta tentativa de golpe em 2022. Segundo seu relato, recebeu ordens diretas da então secretária de Segurança Pública do ministério, Marília Ferreira de Alencar, para mapear municípios onde os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) tiveram mais de 75% dos votos no 1º turno das eleições.

Além disso, foi solicitado que fosse elaborado um levantamento sobre a distribuição de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Ela pediu uma análise de dados referente à concentração de votos e um painel sobre a PRF para possíveis tomadas de decisão”, declarou Vieira.

O ex-analista afirmou ter estranhado as solicitações e, por precaução, arquivou os relatórios para eventual defesa futura. “Fiquei apavorado, pois minha habilidade técnica foi usada para algo ilegal. Me preparei para falar no momento certo”, disse.

As informações levantadas teriam sido repassadas a Anderson Torres, réu no processo por tentar impedir o deslocamento de eleitores no Nordeste durante o 2º turno – região onde Lula tinha maior vantagem. Na ocasião, a PRF realizou blitze em veículos com destino à região, em ação questionada na Justiça.

Julgamento no STF

A 1ª Turma do STF iniciou as oitivas do núcleo 1 por videoconferência, sem transmissão oficial. A imprensa pôde acompanhar os depoimentos por um telão na sede do tribunal, mas foi proibida de gravar.

Entre os investigados estão:

  • Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro e vice na chapa de 2022;
  • Augusto Heleno, ex-ministro da Segurança Institucional;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.

Ao todo, 82 testemunhas serão ouvidas, incluindo ex-comandantes das Forças Armadas e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O núcleo é apontado como articulador da suposta tentativa de golpe após a derrota eleitoral de Bolsonaro.

O julgamento deve avançar nas próximas semanas, com novos depoimentos e a análise de provas documentais.

Fonte
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