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“Entre o tiro e a multa“: motociclistas relatam que infrações proíbem o uso de capacete no Rio

Moradores da Gardênia Azul, na zona oeste do Rio de Janeiro, que prefere não ser identificado por uma questão de segurança, informando à CNN uma escolha difícil: andar diariamente em suas motocicletas sem a utilização de capacete e colocar a vida em risco, além de ser multado, ou arriscar ser confundido com uma criminalidade por conta da proteção na cabeça e acabar baleado.

“Eu prefiro tomar multa do que tirar um tiro, então eu saio sem capacete. Aí outro dia os policiais passaram e me multaram. Ainda estou me olhando… Em vez de chegar e me dar uma advertência, tá ligado? E chegar e falar, ah, não pode andar sem capacete. Eu sei que não pode, que eu sou habilitado e tal, mas prefiro tomar uma multa do que um tiro. E eles que estão lá, deveriam saber disso, que andar sem capacete é perigoso e tal, e em vez deles alertarem, não. Eles sabem multar, e é complicado, né?”, contou um ex-morador da localidade.

Segundo um artista visual, que também optou por não se identificar, esse tem sido um dilema enfrentado por muitos moradores da comunidade, desde que a região passou a ser disputada por milicianos e traficantes.

“Constantemente a gente convive com essa guerra entre o tráfico e a milícia. E o Batalhão de Choque, que está previsto aqui e deveria estar acabando com essa guerra e trazendo a paz para as pessoas que são moradoras, eles estão multando em todas as oportunidades que eles têm. A gente que é morador, muitas vezes a gente fica com medo de tirar um tiro, de ser confundido, então, quando a gente entra numa comunidade, automaticamente a gente tira o capacete”, contou ele em uma publicação nas redes sociais.

No dia 26 de dezembro do ano passado, o artista recebeu três multas consideradas gravíssimas pelo Código Nacional de Trânsito num período de dois minutos. Duas delas tinham a ver com a falta de uso de capacete: uma por ele dirigia sem o equipamento de proteção e a segunda porque um passageiro também dispensava o uso. A terceira negociação foi dois minutos depois, por transitar pela contramão. Para quitar cada uma delas, você terá que pagar R$ 293,47.

Motociclista foi multado três vezes em menos de dois minutos / Reprodução

“O Gardênia hoje está dividido: milícia e tráfico. O morador fica com medo de ser reprimido entre o tiro e a multa. Está falando entregador, porque o pessoal está fugindo da Gardênia”, afirmou outro morador da comunidade à CNN.

A página “Gardênia Azul Notícias” bordou o tema nas redes sociais. Os comentários publicados são de moradores assustados pela guerra na região e com medo de usar o capacete. “Me deram multa por estar sem [capacete] no Gardênia, maior covardia isso, se tá proibido não tem que dar multa não”, escreveu um jovem.

“Passei por isso ontem, me pediram pra tirar e mais a frente o Choque mandou colocar e ameaçou de multar com a maior ignorância do mundo”, relatou outro rapaz.

Muitos moradores também relatam supostas irregularidades nas multas. “Eu mesmo tomei uma [multa] na Avenida das Lagoas, de contramão, que até hoje não sei como tomei isso e quem deu… e eu ando corretamente, justamente para não acontecer isso, mas, enfim, o estado como sempre prejudicando a população”, afirmou uma pessoa.

Consultada, a Polícia Militar Informou que as equipes policiais da corporação estão trabalhando nas ruas com foco na segurança pública, prevenindo e coibindo crimes que impactam na sensação de segurança da população. A PM também atua em conjunto com outros órgãos de trânsito em ações para reprimir crimes e infrações de trânsito.

Já o Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ) informou que, no caso citado acima, são multas distintas: a primeira refere-se ao condutor e a segunda, ao passageiro. A terceira está relacionada ao fato de o motorista estar na contramão. O Detran informou, ainda, que as infrações estão previstas no Código Nacional de Trânsito.

A CNN Consultou, ainda, a Polícia Civil para saber se há registros em delegacias sobre as denúncias de que crimes ameaçam moradores que usam o capacete. Aguardamos o retorno.

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