Crise na CBF: STF e TJ-RJ investigam possível falsificação de assinatura em acordo que garantiu presidência de Ednaldo Rodrigues

Crise na CBF: STF e TJ-RJ investigam possível falsificação de assinatura em acordo que garantiu presidência de Ednaldo Rodrigues

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vive mais um capítulo de instabilidade após surgirem suspeitas de que a assinatura do ex-dirigente Coronel Nunes em um acordo judicial pode ter sido falsificada. O documento, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro de 2025, garantiu a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da entidade até 2026. Agora, uma investigação no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) pode reverter a decisão e abalar a estrutura do futebol brasileiro.

A ORIGEM DA CRISE

O acordo em questão pôs fim a disputas judiciais sobre a eleição de Ednaldo Rodrigues, realizada em março de 2022. No entanto, Fernando Sarney, ex-vice-presidente da CBF e um dos signatários do documento, pediu sua anulação ao STF, alegando que Coronel Nunes não teria condições cognitivas para validá-lo.

A alegação é respaldada por um laudo médico do chefe do departamento de saúde da CBF, Jorge Pagura, e por um parecer grafotécnico que não identificou a autenticidade da assinatura. Diante das dúvidas, o ministro Gilmar Mendes, relator do caso, determinou ao TJ-RJ a apuração imediata das suspeitas, incluindo a possível falsificação.

O desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, relator do caso no TJ-RJ, marcou uma audiência por videoconferência para esta segunda-feira (12), às 14h, a fim de ouvir Coronel Nunes pessoalmente. O ex-dirigente, que enfrenta problemas de saúde — incluindo uma neoplasia cerebral maligna e cardiopatia grave — terá sua capacidade de consentimento avaliada.

Se ficar comprovado que sua assinatura foi falsificada, o acordo pode ser anulado, levando ao afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues e a uma nova crise institucional na CBF.

POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS

Além do impacto político, o caso pode ter consequências em outras esferas:

  1. Comissão de Ética do Futebol Brasileiro (CEFB)
    A deputada Daniela Carneiro (União-RJ) acionou a CEFB para apurar se houve violação ao Código de Ética do Futebol. O órgão, que em 2021 afastou Rogério Caboclo por assédio moral e sexual, tem poder para aplicar sanções que vão de suspensão a banimento do futebol. Para Paulo Schmitt, ex-Procurador-Geral da Justiça Desportiva, se confirmada a fraude, a atuação da comissão será “imprescindível”, pois o caso afeta a credibilidade do sistema esportivo.
  2. Investigação criminal
    O professor Adriano Teixeira Guimarães, especialista em Direito Penal, aponta que, dependendo das provas, os envolvidos podem responder por:
    • Falsidade ideológica (art. 299 do CP) – 1 a 5 anos de prisão.
    • Fraude processual (art. 347 do CP) – manipulação de provas para enganar a Justiça.
    • Corrupção privada no esporte (Lei Geral do Esporte) – se houver vantagens indevidas.

HISTÓRICO DE INSTABILIDADE

A entidade tem um histórico conturbado: seus últimos quatro presidentes (Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Rogério Caboclo) foram afastados, banidos ou presos por corrupção e irregularidades.

Agora, com a investigação sobre a assinatura de Coronel Nunes, a gestão de Ednaldo Rodrigues pode estar com os dias contados. O desfecho do caso, que começa a ser definido nesta segunda-feira (12), promete abalos jurídicos e políticos no cenário do futebol brasileiro.

Fonte
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