Antes de escrever sobre esse tema, não tinha ideia de quanto isso ainda me dói.
Resolvi sair do armário –ou apenas abrir uma das portas dele– quando eu tinha uns 18 anos. Tarde para muita gente, cedo demais para mim.
Cedo, porque eu não estava seguro ou suficiente para bancar o que eu sentia. E qualquer que seja quando não estiver firme, você acredita ou se apega a um argumento que coloca de volta na caixinha.
Resolvi contar para uma pessoa, que me desculpem, não me sinto à vontade para dizer quem é, mas o fato é que o que eu ouvi foi: “deixa eu te ajudar? Tenho certeza de que é uma fase”.
Pior do que ouvir isso, foi a um mim mesmo dizendo: “sim”.
Isso bastou para que eu passe por sessões com um psicólogoque insistia que eu não era gay eo que eu sentia devia ser ignorado.
Lembre-se de um exercício – era assim que ele chamava – em minha cabeça, um dia que iria cumprir os olhos, e uma cena em que eu estava cumprindo um homem e na situação, como se eu estivesse cumprindo um homem e na situação, . Para qualquer pessoa, pode ser patético. Mas para quem se acha anormal por ser quem é, isso é abusivo.
Esse livro nunca chegou a última página, mas a cada folha passada, o sentimento de angústia, angústia e frustração só aumentariam.
Por que… quem consegue apagar a sua orientação sexual? Eu não consegui.
O João Ícaro, psicólogo hoje, também não conseguiu. Mas, ao contrário de muita gente que, oculta, como essas, esconde com vergonha a própria experiência com terapias de conversão, ou a chamada cura gay. Ele é autor do livro “Cura Gay – não há cura para o que não é doença”lançado recentemente.
Essa terapeuta, eu cheguei até ela fatos que eu estava deprimido. E ai pessoas atraídas comigo que muitas pessoas têm problemas com a minha aceitação sexual. Ela – a psicóloga – encontrou-se inicialmente que a melhor forma de alívio dos problemas era tentando mudar a orientação sexual
João Ícaro, psicólogo
Apontar que a orientação sexual de alguém pode ser motivo de depressão é justamente o caminho que não se deve fazer. Buscar o que leva essa pessoa ao conforto, sim. E o muitas vezes é o preconceito e a discriminação.
Ela (psóloga) aceitou uma teoria científica que é ultrapassada, sem validade da psicologia em que se constata que um homem pode ser gay se tem muito contato com uma mãe que é mais controladora e dominadora, e uma distância de um pai que é mais passivo, mais ausente. Ela mulher que vai ampliar eu tentasse ficar com alguma forma, ou até que eu tenha uma relação sexual com garota de programa como uma forma heterossexual
João Ícaro, psicólogo
Jean Ícaro também teve que assistir a filmes pornográficos com cenas de sexo entre pessoas heterossexuais. E passou por um “treinamento de recondicionamento masturbatório”que, francamente, não vou nem perder o tempo de vocês tentando entender e explicar. Porque o resultado é um só:
Quem também precisou de terapias para superar como “terapias” foi o estadunidense Matthew Shurkahoje com trinta e quatro anos.
Na época com 16 anos, foi a outros pacientes de conversão e, dentre os tratamentos, que foi obrigado a se relacionar com as mulheres Viagra para se relacionar sexualmente com mulheres.
O terapeuta disse que eu era gay porque eu era muito próximo das minhas irmãs mais velhas e da minha mãe, e que isso causava a minha homossexualidade. E nesse caso, que possa mudar minha orientação sexual, eles poderiam me mudar. E para mim, uma coisa difícil foi que eu não tinha permissão para falar com minha mãe minhas duas irmãs por três anos – e eu tinha apenas 16 anos.
Mathew Shurka, fundador da ONG Born Perfect
Dezesseis anos, apenas. Acho que todo mundo aqui consegue imaginar o tamanho do trauma que ele carrega. Isso porque alguém um dia disse que era errado sentir por alguém do mesmo sexo. E ele, como milhares de pessoas, genuinamente acreditou que isso era possível.
eu não estava funcionando o suficiente, ou não conseguiria curar o problema. Foi aí que chegou a ter, Eu pensei em cometer suicídio por dois anos de minha vida, mas acho que a pior parte foi a minha vida, e como eu passei a relação a minha relação. Quando eu tinha anos de idade, eu sabia quem eu era, o que eu queria exatamente, por quem eu me interessava e o fato de que muito tempo foi alterado ou me tratou da minha vida para tratar de uma coisa que não existia – e depois ter que Reconstruir minha vida aos 30 anos
Mathew Shurka, fundador da ONG Born Perfect
Mathew, que tinha todos os motivos para tentar esquecer o que passou, tomou o caminho oposto e felizmente hoje uma ONG que coloca em pauta essa discussão. É a Nasceu Perfeito, que ajuda na elaboração de leis e diretrizes, no apoio a pacientes nortes de conversão que entram com processos de terapia e prestam auxílios a promotorias dos estados em casos de apoio à terapia. No que eles chamam de apoio, a Born Perfect tem um objetivo único: o fim da terapia de conversão.
Essa também é uma luta de outro norte-americano, Garrad Conley. A sua história ficou mundialmente conhecida nos cinemas depois que estampou nos cinemas em 2019. Depois de sofrer um estupro, o pai que deveria escolher entre Hollywood, ser gay ou filho dele.
Ó filme, “Menino apagado”teve como inspiração o livro com o mesmo título, que se tornou um mais vendidos e um dos melhores do ano pelo jornal “The New York Times”. A adaptação de “Boy Erased” para os cinemas conta com os atores Joel Edgerton, Nicole Kidman, Lucas Hedges (no papel inspirado em Garrard), Russell Crowe, Javier Dolan e o cantor Troye Sivan.
Depois dessa apresentação, é uma honra a entrevista exclusiva que ele deu para a coluna CNN no Plural+.
Em um domingo de aula, eu estava em uma igreja, e um homem, sala de aula pedida para que assinássemos uma cidade original contra a Parada do Veio Orgulho à nossa LGBTQIA+. Eu vou ficar horrorizado, pensando se deveria assinar um filme. As pessoas me julgariam como uma pessoa diferente, um esquisito, então eu assinei. Provavelmente essa foi a primeira vez que eu me dei conta sobre como as coisas serão tratadas para todos nós.
Garrard Conley, escritor e autor do best-seller Boy Erased: a Memoir
As “coisas” ficariam muito mais difíceis. Para quem não conhece história eu falo aqui de forma bem resumida:
Garrard nasceu no Arkansas, um dos estados mais conservados dos Estados Unidos. Como seu pai era pastor, ele foi criado dentro da igreja. Ainda adolescente, sofreu um abuso sexual e, por anos, acredito que o crime foi um “castigo” por ser gay. Foi aí que ele parou no LIA – Love in Action – um centro de terapia de conversão.
Daqui para frente foi uma sequência de outras violências: não podia sequer usar colorida nem ler qualquer livro que não fosse cristão.
Eu acho que a pior coisa que a terapia de conversão fez foi me colocar contra os meus pais e interferir na minha relação com Deus. Levou muito tempo até que todos nós nos curássemos das mensagens dolorosas da terapia de conversão. É irônico que, todos aqueles que falam sobre amor e ódio na Love Action (a unidade de terapia que frequenti), eles incitavam o acima de tudo: ódio aos pais e essencialmente a Deus.
Garrard Conley, escritor e autor do best-seller Boy Erased: a Memoir
Um ódio que marca e se torna difícil de se livrar. Por isso vamos ficar atentos.
Hoje, no Brasil, o Conselho Federal de Psicologia proíbe qualquer profissional de tentar manobras de conversão para pessoas LGBTQIA+. A resolução, publicada em 1999, foi a primeira do mundo nesse sentido. O Supremo Tribunal Federal (STF)em 2019, reafirmou o entendimento do conselho brasileiro, estabelecendo um precedente para casos de terapia de conversão que vão parar na justiça brasileira.
De acordo com um nasceram pela Banca de Igualdade da ONG, 22 países propõe algum tipo de regramento ou lei que proíbe ou limita a terapia de conversãoseja de agência nacional (uma lei), regional (uma lei estadual/municipal) ou então determinação de determinação de entidades de classe (como a do Conselho Federal de Psicologia) de Suprema Corte.
E vale sempre relembrar: desde 1990 a Organização das Nações Unidas (ONU) retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças (o CID). A transexualidade também foi retirada, em 2019.
“Eu estou apenas pedindo para que não gente machuque crianças com essa prática toda grande associação de psicologia que está identificada com danos. Sem considerar como suas crenças, acabar com a terapia de conversão que pode acontecer, porque não é eficaz e o fato é danoso”, nos conta Garrard Conley.
Desculpe, Garrard, mas, pra mim é mais que danoso – é um crime.
E quando mexe com a nossa fé, não interessa em que ou quem a gente acredita, tem um peso ainda maior, pelo menos para mim.
Porque tem horas que você só conta com a fé para continuar seguindo.
- Produção: Letícia Brito e Carol Raciunas
Compartilhe: