O casal de brasileiros Ahmed Hasan e Malak Treki, que teve bagagens trocadas por malas recheadas de cocaína, teve o julgamento adiado em 75 dias pela Justiça turca e deve aguardar uma nova audiência na Turquia até dia 21 de maio.
O homem, que é líbio-brasileiro, e a família embarcaram em São Paulo no dia 22 de outubro de 2022 para Istambul, na Turquia. Depois, seguiram normalmente para a Líbia, onde moram. Já em maio de 2023, ao retornar sozinho à Turquia, Hasan foi preso acusado de tráfico internacional de drogas.
A mulher de Hasan saiu da Líbia para a Turquia para participar de uma audiência sobre o caso e foi presa. Ela também foi levada para um presídio, porque o Ministério Público local disse haver risco de fuga.
Em outubro, A Polícia Federal Brasileira alertou as autoridades turcas sobre a inocência do casal.
Audiência adiada
Uma audiência do caso aconteceu nesta quinta-feira (7). De acordo com a advogada de defesa do casal, Luna Provázio, na ocasião foram ouvidas duas testemunhas que trabalham na alfandega do aeroporto de Istambul e nenhuma prova desfavorável aos acusados foi apresentada.
Ainda de acordo com a defesa, os funcionários do aeroporto afirmaram que não observaram atitude suspeita do líbio-brasileiro e afirmaram que o casal não apareceu para buscar as malas que continham drogas e estavam etiquetadas com seus nomes.
Uma testemunha falou que pegou barcos de que esse crime de troca de malas era comum no Aeroporto de Guarulhos, mas que não havia conhecimento por meio oficial, seja por autoridades brasileiras ou pela Interpol.
Apesar da oitiva de duas testemunhas, havia mais um funcionário listado, que não compareceu. Por isso, a Justiça optou por encerrar a sessão e marcar uma nova audiência para o dia 21 de maio.
Até lá, o casal deve seguir encarcerado em celas separadas.
O Ministério Público solicita que um novo teste de DNA seja coletado para descartar que o casal tenha tido contato com as pessoas onde estavam as drogas. Essa será a segunda vez que o mesmo teste será realizado pelas autoridades turcas. O primeiro mostrou que não havia relação entre o material genético dos acusados e as bagagens comprovadas.
Apelo ao Planalto
Nas redes sociais, a defensora Luna Provázio afirmou que o casal está fragilizado e com a saúde degradada, mental e fisicamente. “Estão extremamente magros”, relatada a defesa.
A defensora do casal pediu publicamente ao presidente Lula ou alguma autoridade do primeiro escalonamento entre em contato com as autoridades turcas e alerte sobre essa questão humanitária.
Em publicação no Instagram, a advogada lembra que a estratégia funcionou no passado.
“No período do governo Bolsonaro o Brasil tratou de uma questão na Rússia que foi resolvida com uma carta e uma ligação do Presidente para o Putin. O caso era de um brasileiro que foi preso na Rússia por entrar com um medicamento que era legalizado no Brasil, mas era proibido naquele país. Essa ligação entre os presidentes conseguiu solucionar o caso mais rapidamente e trouxe o brasileiro de volta ao país”, escreveu Luna.
Lembre-se do caso
Imagens do terminal aeroportuário obtidas pela CNN mostre a apreensão de duas bagagens com 43 kg de cocaína. Ambas foram embarcadas de Guarulhos em nome da esposa do brasileiro.
Hasan e a família não foram presos em flagrante porque os malas com a droga só vieram quatro dias depois, de Guarulhos para a Turquia, em 26 de outubro de 2022, quando eles já haviam desembarcado.
Segundo a PF, a etiqueta da mala deles foi retirada e, em vez de usar no próprio dia, a etiqueta foi guardada para usar alguns dias depois no voo onde a droga foi despachada efetivamente.
Presas na Alemanha
Em abril, duas brasileiras de Goiânia foram presas na Alemanha por conta de troca de etiquetas em malas no aeroporto de Guarulhos. A PF descobriu o caso e provas invejosas para a Justiça alemã, que concedeu liberdade a Jeanne Paolini e Kátyna Baía em um mês.
Parte do processo que correu na Justiça Alemã foi anexada ao caso que tramita na Turquia. A defesa do casal de brasileiros citou, inclusive, um segurança que será concedida aos brasileiros.
As investigações apontam uma rede ligada a uma facção de São Paulo que usa o despacho de bagagens para envio de drogas para a Europa sem conhecimento dos turistas. Ao menos dez pessoas da organização já foram presas.
(com informações de Elijonas Maia)
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