Em entrevista à CNN Nesta quinta-feira (11), Eric Lorran Vieira, o irmão do brasileiro Thiago Allan Freitas, que foi sequestrado no Equador na terça-feira (9), afirmaram que o empresário está disponível para sair do país após ter vividos momentos de tensão. Ele foi liberado na quarta (10).
Os três filhos do empresário, que moram no Equador, devem voltar em breve ao Brasil. “O que eu mais quero é que eles voltem. As crianças já vão voltar de qualquer jeito. Acredito que Thiago também vai voltar, mas não estava nos planos dele agora”, conta Eric.
Segundo Eric, que esteve em contato com os sequestradores, os criminosos pediram, inicialmente, 8.000 dólares.
A princípio, a família conseguiu mandar 500 dólares. “Falaram que era pouco, que iriam matar meu irmão. Eles me mandaram fotos e vídeos do meu irmão vendido, com arma na cabeça”, afirma Eric.
Depois das ameaças, familiares de Thiago decidiram pedir ajuda pelas redes sociais, foi quando o caso ganhou maior notoriedade. Com o apoio de terceiros, a família conseguiu mandar, no total, cerca de 1.200 dólares aos criminosos.
Eric relata que os sequestradores são como membros da gangue Los Lobos, uma das maiores do país, que travam uma guerra com o grupo criminoso Los Choneros pelo controle do corredor de drogas de Tumaco, na Colômbia, até o porto de Guayaquil, na costa equatoriana do Pacífico.
Apesar do relato de Eric, o conselheiro da Embaixada do Brasil em Quito, Afonso Nery, disse à CNN Nesta quarta-feira (10) que o sequestro do brasileiro não deve ter relação com a onda de violência que o Equador enfrentou.
Quem é Thiago Freitas
Nascido em São Paulo, Thiago tem 38 anos e vive no Equador há três. Antes de se mudar para Guayaquil, ele morreu em Quito, capital do país, por um ano. No Brasil, ele também residiu em Balneário Camboriú (SC).
Thiago é dono da churrascaria La Brasa, que funciona em um espaço gastronômico de Guayaquil. Nas redes sociais, o restaurante diz oferecer “o melhor do churrasco brasileiro”.
Inicialmente, a churrascaria funcionava somente por delivery ou fazendo eventos contratados. A loja física no Bamboo Plaza foi inaugurada em outubro do ano passado. A decoração do espaço remete ao Brasil, com fotos de paisagens brasileiras na parede. Os funcionários usam roupas amarelas, em alusão ao uniforme da Seleção.
Além dos cortes e preparos típicos dos churrascos brasileiros, o restaurante oferece outros itens que fazem sucesso por aqui, como o pão de alho e a caipirinha.
Na capital paulista, Thiago teve uma empresa aberta em setembro de 2017 na modalidade empreendedor individual, cuja atividade registrada na Junta Comercial do Estado de São Paulo era “comércio varejista ambulante de produtos alimentados prontos para o consumo”.
O sequestro
Segundo o conselheiro da Embaixada do Brasil em Quito, Afonso Nery, o sequestro de Freitas aconteceu “quando ele saiu para visitar uma loja de carros usados”.
“Houve um silêncio muito longo, quando, de repente, o filho recebe uma ligação do telefone do pai, mas o pai estava com os olhos vendidos e as mãos amarradas dizendo que havia sido sequestrado e os sequestradores pediam um resgate”, questionado.
Nery diz que o resgate era de um valor, e após uma conversa do filho com os sequestradores, ficou pela metade.
“O filho, então, entrou nas redes sociais como uma espécie de vaquinha e conseguiu arrecadar um montante ainda longe daquela metade da qual os sequestradores fizeram concordado”, explica.
O conselheiro acredita que o sequestro do brasileiro Thiago Allan Freitas não deve ter relação com a onda de violência que o Equador enfrenta.
Entenda a crise no Equador
Uma onda de violência no Equador começou após um dos líderes do grupo de violência Los Choneros ter fugido de uma prisão em Guayaquil.
Na tarde de terça-feira, um grupo de homens encapuzados e armados invadiu as instalações do canal TC Televisión, de Guayaquil. A invasão foi capturada pela transmissão ao vivo, que os funcionários mostraram sendo obrigados a se deitarem no chão. Foi possível ouvir tiros e gritos.
Segundo o governo do Equador, mais de 130 agentes penitenciários e outros funcionários são mantidos como reféns por detentos, nesta quarta-feira (10), em pelo menos cinco prisões do país.
Na noite de terça, o presidente Daniel Noboa decretou a existência de um “conflito armado interno” no país.
No texto do decreto, o governo qualifica como “terroristas e atores não estatais beligerantes” 22 organizações.
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