Dom aloisio capa widelg.jpg

Brasileiro Quase Virou Papa E Foi Refém em PresÍdio no Ceará; Relembre Caso

Dom Aloísio Lorscheider, um cardeal brasileiro que por pouco não ascendeu ao papado, vivenciou um episódio dramático em 1994, quando foi feito refém durante uma rebelião em um presídio no Ceará. O religioso, conhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos e por se posicionar a favor da democratização do Brasil e contra as torturas praticadas na ditadura militar, teve sua figura mencionada no filme “O Poderoso Chefão: Parte 3”.

Quase 50 anos atrás, no conclave de 1978, Dom Aloísio teria sido o primeiro a obter a maioria dos votos para se tornar Papa, mas precisou recusar o cargo por problemas de saúde, facilitando a eleição de João Paulo II, que permaneceu no posto por 27 anos.

Em 15 de março de 1994, Dom Aloísio Lorscheider, então Arcebispo de Fortaleza, estava no Penal Paulo Sarasato (IPPS), localizado em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza – presídio desativado em 2013. A visita a presídios era uma prática comum do cardeal, inspirada na passagem bíblica que diz “Estive preso e foste me visitar”. No entanto, esta visita especial, agendada pelo próprio cardeal para inspecionar as condições da unidade, incluía um grupo de políticos e jornalistas. A motivação para a visita era a preocupação com as condições desumanas, a falta de higiene e a ausência de assistência médica nas instalações. Os presos, por sua vez, estavam insatisfeitos com as instalações e a superlotação.

Mantido Refém

Após percorrer as celas, o grupo seguiu para o auditório. Pouco depois das 10h, uma movimentação estranha chamou a atenção dos presentes. O detento Carlos de Souza Barbosa, conhecido como Carioca, imobilizou Dom Aloísio com uma faca no pescoço, dando início a uma negociação entre os detentos e as forças de segurança do estado.

No total, 13 pessoas foram feitas reféns. Houve reação policial e troca de tiros, resultando na morte de dois detentos e um soldado ferido. Após 13 horas de negociações, perto da meia-noite, os detentos tiveram alguns pedidos atendidos e fugiram com os reféns em um carro-forte. O percurso durou 12 horas de estrada. Alguns reféns foram liberados no caminho, mas Dom Aloísio fez questão de ser o último a ser libertado, o que ocorreu após passar 20 horas em poder dos criminosos.

Mudança para São Paulo e Últimos Anos

Após o sequestro, Dom Aloísio Lorscheider, que já apresentava problemas cardíacos, solicitou uma transferência para uma diocese menor. Foi transferido de Fortaleza para a Arquidiocese de Aparecida no ano seguinte ao sequestro, em agosto de 1995. Ele anunciou sua renúncia em 2000 e faleceu em dezembro de 2007, aos 83 anos, em Porto Alegre, vítima de falência múltipla de órgãos.

O detento Carioca foi liberado do sistema prisional do Estado no fim de 2018, após cumprir o tempo máximo de 30 anos de cadeia conforme a legislação penal brasileira, apesar de suas sentenças por assaltos, homicídios e sequestros em comarcas do Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro somarem mais de 100 anos de pena.

Fonte

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *