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Reino Unido Intensifica Combate a Criptoativos Ilícitos, Congelando Milhões em Fundos

Desde abril de 2024, as autoridades do Reino Unido congelaram aproximadamente US$ 7,7 milhões (£ 6 milhões) em ativos de criptomoedas ilícitos, conforme revelado por uma investigação do MailOnline. A medida reflete o crescente esforço do país para combater o uso de criptoativos em atividades criminosas, como lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo.

Novas Leis Ampliam Poderes das Autoridades

Para enfrentar essa ameaça emergente, o Reino Unido alterou suas regulamentações no ano passado, concedendo poderes especiais à Agência Nacional de Crimes (NCA) e à polícia. Essas alterações permitem que as autoridades congelem, apreendam e destruam criptomoedas vinculadas a crimes e criminosos.

As novas leis autorizam a polícia a congelar carteiras de criptomoedas por até três anos. Além disso, os oficiais podem apreender os ativos se o tribunal considerar que os fundos se originam de fontes ilícitas ou serão usados para fins criminosos.

As autoridades também obtiveram o poder de apreender carteiras de criptomoedas suspeitas de terem ligações com organizações criminosas, sem a necessidade de uma prisão prévia. Adicionalmente, podem destruir ativos de criptomoedas apreendidos se considerarem que sua devolução à circulação “não é propícia ao bem público”, como no caso de moedas de privacidade, frequentemente usadas por criminosos para ocultar a origem de seus fundos.

Maior Carteira Congelada Hospedada na Coinbase

Documentos judiciais analisados pelo MailOnline revelaram que a maior ordem de congelamento foi emitida contra uma única carteira hospedada na Coinbase. A carteira continha US$ 1,94 milhão (£ 1,5 milhão) em tokens.

A ordem foi emitida pelo Tribunal de Magistrados de Newcastle em 18 de março, a pedido da Receita e Alfândega de Sua Majestade (HMRC), sugerindo que o caso possa estar relacionado à sonegação de impostos. A identidade do proprietário da carteira permanece desconhecida.

Aumento Esperado nos Pedidos de Congelamento de Criptoativos

Embora o valor de US$ 7,7 milhões possa parecer pequeno em comparação com o volume global de transações de criptomoedas ou com as apreensões em contas bancárias tradicionais, especialistas como Nick Barnard, sócio do escritório de advocacia Corker Binning, acreditam que as autoridades do Reino Unido tiveram um “começo lento” com os novos poderes. Ele prevê que as autoridades precisarão de mais tempo para “acelerar” suas operações.

Por outro lado, a advogada Siobhain Egan, que defende clientes com ativos congelados, acredita que o governo está dedicando mais recursos ao congelamento de criptoativos para combater “agressivamente” a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo. Ela prevê um “tsunami de pedidos de congelamento de criptomoedas”.

Egan, diretor da Lewis Nedas Law, observa que as autoridades estão levando “um pouco de tempo para se atualizarem em uma área que se desenvolve muito rapidamente”. Ela elogia a ação “muito eficaz” do HMRC e a postura “muito agressiva” da NCA no combate a criptoativos ilícitos.

Novos Poderes Facilitam Investigações

Egan destaca que os investigadores agora podem solicitar o congelamento de carteiras de criptomoedas de suspeitos sem que estes saibam, impedindo a transferência dos fundos. O congelamento pode ocorrer antes mesmo da conclusão das investigações.

“O destinatário de tal ordem de congelamento terá que responder a perguntas das autoridades que, em certas circunstâncias, podem ajudá-las a construir um caso contra eles, em uma investigação abrangente”, explica Egan.

Segundo ela, esse processo, facilitado pelos novos poderes, está ajudando os oficiais a “preencher lacunas no processo de investigação”.

Desafios Persistem no Combate a Criptoativos Ilícitos

Egan aponta que a maioria dos indivíduos com carteiras de criptomoedas apreendidas ou congeladas no Reino Unido são estrangeiros, o que complica o processo de congelamento. Além disso, Barnard observa que o congelamento de criptomoedas mantidas em exchanges centralizadas ou provedores de carteiras como Coinbase, Kraken ou Binance é mais fácil, e que as autoridades do Reino Unido só podem exercer seu poder quando essas organizações têm alguma conexão com o país.

Criminosos também podem proteger seus criptoativos ilícitos usando carteiras privadas, acessíveis apenas por meio de chaves pessoais.

A falta de conhecimento sobre tecnologia de criptomoedas e blockchain entre reguladores e agências de investigação também representa um obstáculo significativo. “A grande maioria dos investigadores da polícia e das finanças não entende de criptomoedas, então não há muitos recursos dedicados à compreensão e investigação”, afirma Barnard.

Além disso, Barnard acredita que os criptoativos representam uma pequena parcela dos fundos ilícitos lavados ou usados para fins criminais, com a maioria ainda sendo lavada por meio de métodos tradicionais.

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