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Alerta: variante do oropouche que infectou surto no Norte chegou a mais estados e há novas mutações

Cientistas identificaram que a variante do vírus oropouche (OROV) responsável pelo surto de febre oropouche no Norte do Brasil já foi prevista para a Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina.

No novo estudo, publicado na revista científica The Lancet, os pesquisadores do grupo Fleury e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) confirmaram ainda a existência de duas novas mutações, presentes nesses mesmos estados.

As alterações no genoma do vírus podem ter contribuído para a sua propagação pelo país, para o aumento de casos e para as manifestações graves da doença, que causaram as duas primeiras mortes no mundo em 2024.

Novo passo para entender o vírus

As informações do estudo complementam o que já indicava uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o genoma do vírus que iniciou o surto de febre oropouche no Norte do País, em 2022.

Segundo uma análise da Fiocruz, o aumento de casos foi causado por uma nova linhagem do OROV que surgiu no Amazonas entre 2010 e 2014 e foi entregue silenciosamente na última década.

Agora, uma nova pesquisa mostra que essa mesma variante já chegou à Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina, o que indica o avanço do vírus pelo País.

Mutações

Os cientistas também encontraram novas mutações que datam do período entre 2023 e 2024depois do início do surto. Isso indica que a propagação do vírus nos últimos dois anos pode ter desencadeado alterações no seu genoma.

“À medida que o vírus vai sendo transmitido, as mutações vão acontecendo”, diz Daniela Zauli, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury.

A pesquisa indica que o vírus passou por um rearranjo – alterações que impactam uma extensão maior do seu DNA. As evidências apontam que o OROV se reorganiza com dois outros microrganismos de sua família: o vírus Iquito e o PEDV, que circulam na Amazônia e têm potencial para infectar seres humanos.

“O vírus tem três pedacinhos. O que aconteceu em um determinado momento é que dois ou até três vírus diferentes contaminaram a mesma célula. Na hora de empacotar um vírus novo, em vez de pegar os três segmentos do mesmo oropouche, eles pegaram um pedacinho dos outros vírus, que são parecidos”, explica o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury não envolvido no estudo.

Essa troca com outros vírus pode acontecer eventualmente, de acordo com os especialistas. “Isso faz parte da evolução natural (dos vírus). A gente tem que ficar atenta ao que essa evolução traz para os seres humanos”, diz Daniela.

Ela ressalta que não é possível afirmar que essas alterações estão relacionadas a casos graves de febre ou febre ou a mudanças na maneira como o vírus se propaga. Novos estudos devem investigar essas associações.

A febre oropouche é transmitida pelo inseto Culicoides paraenses conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. “Quando você tem uma mutação, isso pode gerar a capacidade de ser transmitido por outros tipos de insetos”, afirma Granato. “Falando em hipóteses, se esse vírus se adapta bem ao Aedes aegypti, por exemplo, isso é muito ruim porque é um mosquito mais difundido no País”, complementa.

Os especialistas enfatizam a importância de ampliar a testagem porque as amostras oferecem material de análise e permitem que os pesquisadores entendam se as alterações do OROV exigem alterações nas medidas de prevenção da doença, por exemplo.

“Essa vigilância genética do vírus é importante porque é através dela que vamos conhecer melhor como esse vírus está se comportando em um país como o Brasil, que é tão heterogêneo”, conclui Granato.

Fonte

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