Muita coisa aconteceu esta semana, mas o que não aconteceu é o mais revelador. As primeiras negociações diretas esperadas entre Ucrânia e Rússia deveriam ter anunciado uma nova era de diplomacia para solucionar o maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Em vez disso, seu contexto, brevidade e resultados limitados deram aos céticos mais motivos para duvidar que Moscou realmente queira a paz.
As poucas conclusões – uma troca de prisioneiros, novas conversas sobre um possível encontro entre seus presidentes, e ambos os lados elaborando sua visão de um futuro cessar-fogo – soam como progresso. Mas trocas de prisioneiros ocorrem regularmente. A Ucrânia já declarou que deseja um cessar-fogo imediato por via aérea, marítima e terrestre, e já havia oferecido negociações diretas entre o presidente Volodymyr Zelensky e seu homólogo russo. A Rússia rejeitou essas duas ideias anteriormente, mas na sexta-feira afirmou que as consideraria novamente. A diplomacia percorreu um longo caminho esta semana para essencialmente retornar à estaca zero, de volta ao ponto de partida do último sábado.
Naquele sábado, em uma ação conjunta, Ucrânia, França, Alemanha, Reino Unido e Polônia exigiram um cessar-fogo incondicional por um mês. Eles divulgaram uma foto dos líderes desses cinco países em conversa telefônica com o então presidente dos EUA, Donald Trump. Alardearam seu apoio à trégua, mas também ameaçaram o que foi chamado de “sanções maciças” caso a Rússia rejeitasse a demanda. Seis dias depois, na sexta-feira, divulgaram novamente uma foto dos mesmos cinco líderes, reunidos desta vez na capital albanesa, Tirana, em conversa com o presidente dos EUA.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que é “inaceitável” que a Rússia continue a ignorar a trégua. Um proeminente líder político do Reino Unido envolvido na iniciativa declarou que Putin “deve pagar o preço por evitar a paz”.
A simetria entre as demandas e as imagens divulgadas foi notável. Na semana passada (período anterior), Trump realizou uma espécie de exibição de ginástica diplomática. Putin ignorou as exigências de trégua e sugeriu conversas diretas em Istambul. Zelensky disse que se encontraria com Putin lá, e Trump se ofereceu para ser um intermediário. Putin rejeitou todas as propostas, exceto uma reunião com integrantes de menor escalão. Então Trump esvaziou qualquer senso de urgência ao indicar que jamais esperava que Putin comparecesse sem que ele (Trump) também estivesse em Istambul, uma conclusão aparentemente extraída após o recente encontro.
Não se sabe exatamente como os líderes europeus lidaram com a ligação de sexta-feira, com Macron aparentemente no centro da conversa, mas é certo que tiveram que lembrar Trump das promessas feitas. A semana demonstrou a relutância de Trump em pressionar ou falar mal de Putin em público. No entanto, agora sua credibilidade com seus aliados europeus mais próximos está em jogo. Não está claro se isso o moverá.
Em apenas uma semana, concluiu-se o ciclo de emoções contrastantes que afligem o governo dos EUA nesta espinhosa missão de política externa, onde promessas foram feitas mas não cumpridas.
Duas constantes surgiram. Putin pouco se importa com a pressão europeia ou americana, simplesmente propondo uma oferta de paz minimalista, com exigências maximalistas, e recusando-se a ceder. Trump parece oferecer apoio à Ucrânia e seus aliados em particular, mas é visto publicamente estendendo a mão para uma reunião bilateral com o chefe do Kremlin, assim que Moscou estiver pronta.
Intermitentemente, a Casa Branca tem se esforçado para sinalizar que sua paciência com Putin é limitada, chegando mesmo a “expirar”. Ocasionalmente, até mesmo Trump insinua isso, vagamente mencionando sanções secundárias em um comentário no início desta semana. No entanto, essa impaciência ainda não se traduziu na ação firme que a Europa deseja ver.
A Casa Branca aparenta beneficiar-se dos passos de bebê habilidosos e insinceros do Kremlin, caminhando lentamente em direção a algo que parece paz. A Rússia faz o suficiente para permitir que Trump finja que eles estão falando sério, sem ceder absolutamente nada. As coisas foram complicadas na sexta-feira com uma suposta exigência russa de que a Ucrânia entregasse territórios/regiões.
Há rumores vagos e intratáveis suficientes sobre diplomacia e novas negociações para fornecer a promessa tentadora de um acordo, sem que se chegue a um acordo, ou mesmo o delineie. A Rússia está, evidentemente, ganhando tempo e reunindo forças na linha de frente oriental, como mostram imagens de drones, antes de uma provável ofensiva no verão.
Contudo, surgem momentos de clareza. Esta semana talvez tenha ajudado a elucidar a verdadeira posição de Moscou, mas também a relutância de Trump em causar sofrimento a Putin. A clareza pode ser desconfortável, e na sexta-feira uma avaliação severa da política de Trump veio de sua ex-embaixadora em Kiev, Bridget Brink, que renunciou no mês passado. Em sua avaliação, ela explicou que, infelizmente, a política desde o início da administração Trump tem sido a de pressionar a vítima, a Ucrânia, em vez do agressor, a Rússia. Por isso, ela não podia mais, de boa-fé, executar a política do governo e sentiu que era seu dever renunciar. Ela enfatizou que paz a qualquer preço não é paz de forma alguma, é apaziguamento.
Pode ser muito cedo para determinar se a abordagem de Trump, com suas luvas de proteção, significa apaziguamento. Mas o presidente dos EUA amenizou uma semana de crescente tensão e pressão sobre Moscou, sugerindo que nenhum progresso pode ser esperado até que ele se encontre com Putin. E, como foi o caso da cúpula evasiva entre Trump, Zelensky e Putin, não espere que essa mistura de egos, deferência e ódio produza resultados de uma eventual cúpula entre Trump e Putin. Mesmo tal encontro pode não resolver a guerra, mas, em vez disso, zerar o relógio da diplomacia e, como esta semana, deixar a Ucrânia de volta à estaca zero