Os primeiros 23 dias de agosto contabilizaram 3.175 ocorrências de focos de incêndio no estado de São Paulo. O número é o maior, considerando todos os meses analisados, nas cidades paulistas desde 1998 – quando os registros foram feitos pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A quantidade de incêndios apenas neste mês é quase o dobro do que foi registrado ao longo dos 12 meses do ano passado no estado (1.666). O salto aconteceu na última sexta-feira (23), quando houve o registro de 1.886 focos.
O dado do último sábado (24) ainda não foi divulgado. O número vinha em crescimento ao longo da semana, que foi marcado por uma onda de calor e baixa umidade sobre o território paulista. O alastramento de incêndios foi objeto de alerta por parte da Defesa Civil do Estado.
Um número tão elevado de focos não era visto em São Paulo desde agosto de 2021, quando ocorreram 2.277 casos. Antes da marca de 2024, a quantidade mais expressiva em agosto tinha sido vista em 2010, com 2.444 focos.
Até agora em 2024, o registro de focos atingiu o número de 4.973 casos, o que também é o maior somatório do período desde o início da série histórica. A mídia para agosto costuma ser a mais alta do ano. O cenário fez o governo estadual decretar emergência em mais de 30 cidades afetadas. Até a tarde de sábado, os focos continuaram ativos em pelo menos 17 municípios, e um total de 36 se mantiveram em alerta máximo.
Vítimas combatem as chamas
Os incêndios florestais que atingiram o interior de São Paulo provocaram duas mortes e uma suspensão total ou parcial de rodovias que cortam o Estado. Dois homens, funcionários de uma usina em Urupês, região metropolitana de São José do Rio Preto, morreram enquanto atuavam no combate às chamas de incêndio, informou o governo.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, as vítimas tentaram apagar um incêndio em uma perto do parque ecológico da cidade quando perderam o controle do caminhão que conduzia a usina, na Estrada Municipal Urupês-Irapuã. O sinistro provocou o vazamento de combustível que resultou no incêndio do veículo. Os dois funcionários tinham 30 e 47 anos, e eram das cidades de Irapuã e José Bonifácio, respectivamente.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobrevoou as lesões afetadas na manhã de sábado, informou a assessoria. “A situação hoje está ficando sob controle. A maioria dos focos já está sendo extinta”, informou em comunicado à imprensa.
Segundo ele, além dos bombeiros, o governo conta com o auxílio das Forças Armadas, Marinha, Exército e da União das Indústrias da Cana-de-Açúcar. “Muito cuidado agora com aquelas regiões onde o incêndio pode alcançar casas, indústrias, para preservar a integridade física das pessoas.”
“Não é demais lembrar que a gente precisa ter o máximo de cautela. O esforço tem que ser conjunto para evitar a propagação. Temos uma combinação de fatores como altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar, ventos fortes. Tudo o que é propício para acender e o espalhando esses fogos“, alertou.
Por meio de comunicado, o governo paulista informou que mais de 7,3 mil entre profissionais e voluntários estão mobilizados no combate às chamas e na orientação da população.
Segundo o Palácio dos Bandeirantes, o gabinete de pronta respostainstalado na última sexta-feira, “permanece ativo no âmbito da Operação SP Sem Fogo, que integra especialistas da Defesa Civil do Estado e das secretarias de Segurança Pública (SSP), Agricultura e Abastecimento, e Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil)” .