O tango da Argentina com o Bitcoin atingiu um tom amargo. Conversas recentes com El Salvador, a primeira nação Bitcoin do mundo, geraram especulações de que a Argentina seguiria o exemplo. No entanto, os especialistas pedem cautela, diferenciando entre discussões amigáveis e “Bitcoinização” completa.
O mandato de Milei alimenta a curiosidade criptográfica
A eleição do entusiasta do Bitcoin Javier Milei como presidente no final de 2023 causou arrepios na espinha do tradicionalmente cauteloso setor financeiro da Argentina. Previsões de uma bonança iminente do Bitcoin encheram o ar.
O governo se aproximou da criptografia, permitindo pagamentos BTC em contratos específicos. Mas estes pequenos passos estavam longe de ser um nacional adoção da moeda digital.
Perdido na tradução: um bate-papo de rotina, não uma revolução
O boato explodiu quando Argentina e El Salvador mantiveram conversações. Imagens de um aperto de mão entre reguladores financeiros evocaram visões da Argentina ingressando no clube criptográfico.
A realidade, no entanto, revelou-se menos dramática. O Escritório Nacional de Bitcoin de El Salvador despejou água fria sobre a especulação, esclarecendo que se tratava simplesmente de uma troca de rotina sobre regulamentações de ativos digitais.
Então, por que a desconexão entre o frenesi da mídia e a realidade local? Stacy Herbert, Diretora do Escritório Nacional de Bitcoin de El Salvador, culpa a “excitação em torno da hiperbitcoinização”.
Não houve discussão sobre política de bitcoin entre quaisquer altos funcionários de El Salvador e da Argentina.
Esta foi apenas uma troca muito comum de informações entre dois reguladores relacionados à regulamentação de valores mobiliários digitais. https://t.co/t6kQhECjij
-Stacy Herbert 🇸🇻🚀 (@stacyherbert) 27 de maio de 2024
Ela destaca a tendência para manchetes sensacionais que não refletem a complexidade da adoção da criptografia como moeda legal, especialmente para uma nação do G20 como a Argentina.
Os problemas económicos da Argentina, incluindo a espiral da dívida nacional, fazem com que uma moeda digital totalmente desenvolvida adote uma dança muito mais complicada do que a de El Salvador.
Um vislumbre de esperança?
Apesar da deflação Bitcoin sonhos de adoção, permanece uma fresta de esperança. As discussões entre Argentina e El Salvador poderiam abrir caminho para a colaboração na regulamentação das criptomoedas.
Isto poderia ser vantajoso para todos, promovendo uma abordagem mais harmonizada ao panorama dos ativos digitais e evitando a arbitragem regulamentar, onde as empresas exploram lacunas nas regulamentações de diferentes países.
BTC market cap currently at $1.35 trillion. Chart: TradingView.com
Bitcoin Blues de El Salvador: um conto de advertência
A experiência de El Salvador com o Bitcoin oferece lições valiosas para a Argentina. Embora o país centro-americano ostente números positivos, como um lucro de US$ 72 milhões em suas participações em BTC, a realidade é menos otimista.
As taxas de adoção permanecem teimosamente baixas, com estimativas sugerindo que menos de 2% dos salvadorenhos realmente usam o principal ativo criptográfico. Isto levanta questões sobre a viabilidade a longo prazo das criptomoedas como moeda legal num país onde a infraestrutura financeira tradicional permanece forte.
Um passo de cada vez
As aspirações criptográficas da Argentina parecem destinadas a um ritmo lento e comedido. Embora a postura favorável às criptomoedas do Presidente Milei possa ter desencadeado a faísca inicial, as realidades económicas do país e as complexidades da adoção exigem uma abordagem cautelosa.
Imagem em destaque do TheStreet, gráfico do TradingView